Mesmo
com um transporte público sucateado, com uma frota muito antiga e com paradas
de ônibus sem estrutura, o Conselho Municipal de Transportes Coletivos de
Teresina aprovou na semana passada o reajuste da tarifa de ônibus de R$ 2,50
para R$ 2,83, além do aumento da "meia passagem" para estudantes de
R$ 1,05 para R$ 1,20. No último sábado, o prefeito Firmino Filho (PSDB),
tentando impedir protestos contra o aumento da passagem, anunciou o
congelamento da tarifa estudantil, mas ainda não se pronunciou sobre o valor da
passagem integral, que deve mesmo ser de R$ 2,83.
O aumento é de mais de
13% e os únicos beneficiados com isso continuam sendo os grandes empresários do
transporte coletivo, que usam de uma concessão pública para enriquecer em cima
do suor dos trabalhadores. Para se ter uma ideia, o reajuste da tarifa é bem
maior que o do salário mínimo, que subiu pouco mais de 10%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) pelo menos 71% da população piauiense vive com renda
mensal de até um salário mínimo. Imagine um trabalhador que vai receber um
salário R$ 880,00 a partir deste mês e que precisa pegar pelo menos dois
ônibus por dia, para ir e voltar do trabalho. Ele deve gastar, aproximadamente,
R$170,00 por mês, apenas com transporte coletivo, o que corresponde a 19,2% da
sua renda mensal.
O
gasto mensal com transporte coletivo, antes desse novo aumento, já era um
grande absurdo. Seguindo o mesmo exemplo acima, pelo menos 17% da renda mensal
era gasto com passagens de ônibus, cerca de R$ 150,00 por mês. E olha que estamos
falando de um gasto mínimo, de ir e vir ao trabalho, excluindo dessa conta os
passeios, visita a familiares e amigos, que deveria ser um direito de todos.
Esse é mais um golpe do Prefeito Firmino Filho
aos trabalhadores de Teresina, que a cada dia têm seu direito de ir e vir
restringido. Desde 2011, quando mais de 30 mil estudantes e trabalhadores barraram
o aumento da tarifa, o SINDSERM Teresina vem denunciado os aumentos sucessivos da
passagem de ônibus, por entender que “ir e vir” é um direito constitucional e
não deve ser subtraído dos trabalhadores, em detrimento do lucro dos grandes
empresários.
Defendemos a municipalização
do transporte coletivo, através da criação de uma empresa pública, gerenciada
pelos próprios trabalhadores e usuários do sistema. Assim, todo o lucro que
hoje vai para o bolso de meia dúzia de empresário, poderia ser revertido na
melhoria do transporte público e no barateamento do preço das tarifas, podendo
chegar à tarifa zero.
É hora de ir às ruas!
Os trabalhadores não devem pagar pela crise, nem garantir lucros absurdos do
empresariado que oferece um péssimo serviço.
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